Reuven Feuerstein nasceu em 21 de agosto de 1921, em Botosan, uma pequena cidade da Romênia no seio de uma família judia. É o quinto de oito irmãos (duas mulheres e cinco homens). Levi, seu avô paterno era um homem polifacético: destacava-se como encadernador, pintor e músico. O avô materno era escriba de pergaminhos da Torá.
Seu pai era um erudito em estudos judaicos, chefe do culto e rabino. Neste rico contexto, Reuven confessa que aos três anos aprendeu a ler nos textos sagrados e passa a presidir as celebrações entre seus irmãos. Ao aprender a escrever em hebraico passou a ajudar a oficiar cerimônias religiosas.
Estudou e trabalhou em uma escola em Bucarest até 1944 quando emigrou para Israel. Lá começou a trabalhar com crianças órfãs chegadas da Europa inclusive de campos de concentração. Seu trabalho baseado na mediação foi fundamental para tirar estas pessoas da situação em que se encontravam e fazer com que elas pudessem acreditar no mundo e na vida.
Em 1949 pega tuberculose e é enviado para tratar-se na Suiça. Durante o internamento de sete meses aproveita para aprender francês, inglês e alemão.
Em 1950 retoma seus estudos e trabalha em Zurich com Jung e na Basiléia com Jasper. Em Genebra estuda sob a direção de Piaget, Inhelder e Usteri.
Em 1952 recebe o diploma de Psicologia geral e clínica e em 1954 obtém a licenciatura em Psicologia. O encontro com Piaget faz com que Feuerstein escolha sua escola, porém vem a discordar do mestre, pois para Piaget, os fatores determinantes do desenvolvimento são os cognitivos. Feuerstein diz: “… acrescentei que é impossível separar o fator cognitivo do fator emocional, afetivo. Piaget não pensa na importância da interação do indivíduo com outro ser humano. Piaget não entendeu minhas teorias”. De fato, a intenção, a subjetividade do mediador não foi reconhecida…
Em 1970 obtém seu doutorado na Universidade de Sorbonne. Desde 1970 é professor de psicologia na Universidade de Bar Ilan. Desde 1978 é professor adjunto da Universidade de Vanderbilt, no Colégio de Educação Peabody, EUA.
Fundou com os professores David Krasilowsky, Yacob Rand e Simon Tuchman o Instituto de Pesquisa: Hadassa Wizo – Canadá – Jerusalém, hoje ICELP (Centro Internacional para o Desenvolvimento do Potencial de Aprendizagem), onde atende crianças com problemas de desenvolvimento e pesquisa a aplicação de seus métodos e programas. Instituição chamada atualmente de Feuerstein institute.
Reuven Feuerstein, conhecedor de Vygotski e ex aluno de Piaget, fez uma síntese teórica coerente para apresentar o caminho em direção à aprendizagem e desenvolvimento humano gerador de habilidades e competências.
Observando a dimensão humana, pode-se dizer que Feuerstein uniu em sua teoria e prática o que a didática separou com o objetivo de compreender o homem e sua aprendizagem. Durante anos, tem sido difícil desfazer a visão fragmentada enraizada em nossa cultura. Este olhar parcial permanece existente nas várias áreas que trabalham o ser humano e, principalmente, na instituição escolar, mantenedora de alguns equívocos.
Feuerstein tem a uma visão interacionista que compreende o ser humano em seus aspectos cognitivo, afetivo e social, enfatizando a plenitude humana que se caracteriza no conhecimento e práticas dos valores éticos. Para trabalhar-se dentro da metodologia Feuersteiniana é necessário ir além da técnica e conhecimento, é preciso acreditar naquilo que se faz, como também, comprometer-se eticamente.
O sistema de crenças do professor Feuerstein é profundamente humano e social, é também, o sustentáculo de sua sólida filosofia, teoria método e metodologia.
As crenças, assim como as atitudes firmemente sustentadas, geralmente são acompanhadas de considerável afeto positivo. O princípio fundamental desta filosofia e método é que o Mediador (aquele que aplica a metodologia e é imprescindível para o desenvolvimento do potencial de aprendizagem) acredita na proposta que realiza e a torna fator energético que o impulsiona à dedicação.
O sistema de crenças de RF que sustenta sua metodologia:
- Acreditar no ser humano como criatura digna de toda nossa dedicação.
- Toda pessoa é capaz de modificações estruturais, com ajuda de um mediador.
- A inteligência não é estática e, sim, dinâmica e pode ser desenvolvida.
- Pode-se modificar a estrutura cognitiva de uma pessoa através de sua exposição à Experiência de Aprendizagem Mediada.
- O potencial de aprendizagem do ser humano pode ser elevado.
- A mediação é um caminho imprescindível para a transmissão de valores.
- Pode-se ensinar a pensar e aprender a aprender através de uma metodologia que utiliza critérios e leis da aprendizagem: Ensinando a metacognição, busca de estratégias, planificação do trabalho, abstração, aplicação das aprendizagens na vida, no trabalho, na profissão…
As crenças trazem também uma visão nova da ciência.
No caso de RF encontramos a contribuição de um esquema metodológico no Mapa Cognitivo: o recurso para representar o processo ou as etapas em que a aprendizagem se desenvolve.
Este autor criou Instrumentos específicos capazes de proporcionar ao mediador os recursos necessários para que coloque sua teoria e complexa prática em execução com eficiência: São eles o LPAD e o PEI.
Em 1980 publica o PEI – Programa de Enriquecimento Instrumental e o LPAD – Avaliação Dinâmica da Propensão para o Aprendizado, seu modelo de psicodiagnóstico.
Em 1988 lança mais uma obra, “Não me aceite como eu sou…” síntese de suas pesquisas educativas sobre o autismo e a Síndrome de Down.
Nos anos seguintes escreveu livros, teve suas obras traduzidas em vários idiomas. Reuven Feuerstein espalhadou suas idéias pelas Universidades do mundo todo e continua recebendo o devido reconhecimento por seu trabalho.
Faleceu em 29 de abril de 2014, deixando um legado e enorme e valiosa contribuição para a Educação mundial. Seu filho Rafi Feuerstein continua seu trabalho.